História

UMA HISTÓRIA DE MUITA LUTA PELOS ANIMAIS

Em 1983, um grupo de pessoas, unido pelo sentimento de solidariedade aos animais, resolveu criar uma entidade com estatuto e diretoria. Era um tempo em que a proteção animal engatinhava e quem falava em proteger cães e gatos não era considerada pessoa “normal”. Este espírito de preocupação com os bichos e a dedicação em protegê-los levou ao nascimento da Associação de Amigos dos Animais de Campinas, a AAAC.

Para a viabilização da 1ª diretoria, os idealizadores do projeto, entre eles as senhoras Carolina Ribeiro de Lima, Alba Patelli, e Mairy Alfer, colocaram um anúncio no jornal Correio Popular. Título: “Procuram-se voluntários”. A decisão aconteceu em uma reunião no dia 7 de outubro de 1983. Começava ali uma longa batalha.

Desde então, a realidade triste das ruas e do abandono foi enfrentada com lutas e dificuldades. O trabalho mostrou, com o passar do tempo, que é preciso muita disposição. No início, poucos bichinhos eram atendidos, pela falta de gente, de espaço e de estrutura. Mesmo assim, elas faziam os primeiros-socorros, recolhimento e amparo de animais acidentados, doentes ou abandonados. Surgiu, então, o embrião do abrigo.

O passo seguinte foi encontrar um local mais apropriado para atender aos animais — higiene, vacinas, vermífugos, tratamento da desnutrição e das doenças que comumente atingem os animais. Na saída de Campinas para Sousas, na Vila Brandina, essas batalhadoras encontraram o espaço ideal, pelo menos para as necessidades da época. Ali, durante muito tempo, os cães e gatos foram cuidados. Cada dia aumentando mais o número e, conseqüentemente, os problemas.

Mas chegou o progresso, com a urbanização do bairro e, principalmente, com a construção do Shopping Iguatemi, o que levou ao primeiro grande problema da história da AAAC: ter de se mudar para não “atrapalhar” o visual do lugar.

A procura por um novo local demandou muita preocupação. Ao mesmo tempo em que todos entendiam a nobreza da luta pelos animais, por outro lado não os queriam por perto. Afinal, um canil com cada vez mais bichinhos gera barulho e alguns incômodos para os vizinhos. Assim, a solução foi outra área, agora rural, bem afastada, quase 20 km da cidade, numa região então denominada Gargantilha, na zona Norte do município, saída para Mogi Mirim.

A própria Prefeitura e a Câmara Municipal fizeram reuniões para ajudar a encontrar o novo local. Mas tinha custo e a AAAC nunca teve caixa para suprir além das necessidades. Sensibilizada com a situação, uma defensora dos animais doou uma pequena chácara que foi utilizada para brinde de rifa e, assim, foi possível comprar um amplo terreno, em torno de 20.000 m2. Destes, apenas 7.000 m2 eram aproveitáveis por causa da topografia acidentada. Com ajuda de muita gente preocupada com os animais foram instalados os abrigos para os cães, enquanto que os gatos ficaram em outro local, mais próximo da cidade.

O tempo foi passando e a quantidade de animais continuava a subir porque Campinas crescia e, também, os problemas, como maus tratos, abandono, falta de políticas públicas de atendimento aos animais de famílias carentes e falta de campanhas de castração. A AAAC chegou, então, a um total de 2.000 cães e cerca de 500 gatos, além de alguns cavalos idosos e outros bichinhos, como coelhos e aves. E por ali eles viveram por muitos anos, até 2008.

Batia à porta da entidade a segunda grande crise. No Gargantilha, a urbanização chegou com os velhos problemas, como reclamação dos vizinhos que se mudavam para o novo bairro. Além disso, a situação financeira era insustentável.

Mas, então, um grupo de pessoas se uniu com o objetivo de mudar a história. Nova diretoria e mãos à obra. Graças ao apoio dos defensores da causa animal, foi comprado o Vale dos Amigos, um sítio com quase 100 mil m2 em uma área de proteção ambiental para garantir que jamais teremos problemas com vizinhos novamente.

E partiu-se para um ousado projeto: a construção de um canil modelo, com 7.000 m2. Em abril de 2008, a obra foi entregue, totalmente paga. A vida da AAAC se transformou, mais profissionalizada, o que gerou uma nova imagem de respeito e admiração entre as demais ONGs e protetores.